O texto Inicia-se pronto, o modelo é feito, gravado e passado a frente. Os temas, é claro, tendem a um mesmo ponto, passam em meio a clichês e finalizam-se tomando carona numa solução de senso comum.O candidato decorre, com toda sua capacidade, vindo de anos de treinamento, através da penosa prática da escrita tendenciosa, sempre contida e previamente direcionada para então conseguir seu almejado lugar ao sol.
A fórmula é posta como obrigação, preenchimento de linhas desprovido de qualquer suspiro de criatividade, isso cria um hábito, e, pior, restringe a beleza da escrita livre e prazerosa para transformá-la em um evento, devendo seguir rigidamente o protocolo tão conhecido.
É comum ver nas melhores redações – o que deveria significar os estudantes que melhor escrevem no país- redações apenas corretas, bem feitas, coesas e comuns. É neste último adjetivo que consiste o tipo de texto cultuado pela banca. Não é pedido inovação, ou brilhantes idéias, é pedido dissertações de senso comum, soluções que todos vão citar e os que fizerem isso corretamente ganharão sua nota máxima. É um sistema simples e pré-estabelecido.
Independente se a partir deste modelo dotado de regras, por mais sem brilho que seja, consiga-se observar até certo ponto o nível de escrita, é preocupante quando vemos que, graças a esse meio de competição hostil por vagas no vestibular, temos como resultado alunos robotizados no que diz respeito às suas produções textuais, e ao nos defrontarmos com o cenário atual da literatura mundial, sem nenhum nome brasileiro de destaque, torna possível visualizar o reflexo da influência do aprendizado aos moldes das chamadas ‘’máquinas de vestibular’’ no desenvolvimento da escrita dos alunos.
Esta influência – somada a já conhecida dificuldade em se lançar como escritor- põe a nossa frente um panorama árduo para o surgimento de novos grandes nomes na literatura brasileira, uma situação para repensarmos e agirmos prontamente para revertê-la.